segunda-feira, 30 de abril de 2012

Logística Hospitalar -Padronização e Custos


José Renato Condursi Paranhos

Quanto maior a padronização de qualquer processo maior a certeza de sucesso, quer seja esta de procedimento quer seja de um produto, esta é uma verdade corrente no mundo dos negócios atual, porém no meio hospitalar ainda sujeito a muitas críticas e deconfianças, observa-se, no entanto uma grande mudança, pela concorrência, pelo custo médico baseado em altas tecnologias cobrando uma adequação à realidade de mercado.
Dentre todas as indústrias, a médica hospitalar talvez seja uma das mais complexas, o imponderável é sempre o dia-a-dia. Não é a diretoria quem define o que se vai ou não atender, o estoque tem que estar pronto para qualquer tipo de atendimento, não se sabe o que vai entrar pela porta da emergência e a que horas; não se faz liquidação da sobra de estoque, talvez estas estejam entre as maiores dificuldades que se tem para adequar:

Demanda  x  Giro  x  Cobertura de estoque
É claro que algumas regras precisam e devem ser estabelecidas, a Padronização de Materiais e Medicamentos é uma delas.
Várias são as razões para esta necessidade: alto custo do m² hospitalar, o custo dos materiais e medicamentos nas contas médicas, a variedade dos itens (aproximadamente 50.000 itens diferentes a disposição do profissional médico), curto prazo de validade dos produtos (em torno de dois anos), e etc. O profissional de saúde não tem como  descobrir  as necessidades futuras de uma unidade hospitalar, mas pode e  deve estabelecer o básico, a sua cesta personalizada, procurando cobrir 90% de suas  necessidades; personalizada porque cada unidade de saúde é um caso particular com suas equipes e perfis. Estabelece-se assim o “Vo” desta unidade, com o compromisso de um estoque constante, e de controle prioritário. Além de estes itens serem fundamentais, pois são aqueles que manterão a vida do paciente, não podendo faltar, porque o hospital não é chão de fábrica, não se permite “stockout” - sinônimo de morte, perda, fracasso...
Esta também é a base – o investimento de partida e fixo de estoque – que serve como ponto básico para qualquer negociação entre tomador e prestador de serviços.
As melhores práticas logísticas para obtenção destes intentos são baseadas em algumas estratégias que devem constar das metas prioritárias de qualquer empresa de saúde. São elas:

     1.     Circulação eficiente de produtos.
2.     Coleta eficiente e comum das informações.
3.     Gestão eficiente das prescrições.

Essas três estratégias se apoiam em um conjunto de tecnologias e na gestão da relação com os fornecedores, como por exemplo:


  • Troca eletrônica de dados (EDI/ Internet)

  • Uniformidade de banco de dados

  • Captura da informação no ponto de utilização

  • Código de barras

  • Armários modulares de dispensação

  • Catálogo eletrônico  

  • Ressuprimento automático de mercadorias (programação do ressuprimento, distribuição no ponto de utilização e controle por parte do fornecedor).   


Na realidade tudo que foi dito até este momento não se resume à tecnologia nem tão pouco somente a técnica, mas fundamentalmente a uma disciplina organizacional, um conjunto de comportamentos

terça-feira, 24 de abril de 2012

Futuro dos Hospitais


José Renato Condursi Paranhos



Os hospitais historicamente a expressão mais visível das políticas de saúde em todo o mundo nasceram segundo o modelo medieval, com objetivos humanitários e fudamentalmente religiosos, transforamando-se, ao longo do tempo,nas organizações empresariais complexas que hoje conhecemos(Hummel,2006).

Ao longo das últimas décadas,os hospitais deixaram de ser o exclusivo centro de investigação diagnóstica,cuidados e terapêutica,passando a compartilhar a prestação dos serviços em saúde com outros agentes, tais como laboratórios,empresas de home care, clínicas de investigação por imagem e, mais recentemente, os serviços de cirurgias de baixa complexidade, denominados de day clinics, além de serviços de acompanhamento de pacientes.

A partir da descentralização dos serviços passou-se a enfrentar um grande desafio com com a explosão e mudança do perfil demográfico da população mundial,que provocou o surgimento de uma nova situação desconhecida até 50 anos atrás: o envelhecimento da população mundial, aliado à identificação de inúmeras doenças e disfunções.

Este é um fenômeno recente e o mais instigante desafio para a medicina do futuro. Como tratar a montanha de doenças crônicas surgidas junto com o envelhecimento que, inevitavelmente,acometerá grande parte da população mundial?

Para responder aos desafios relativos à organização dos serviços em saúde para esta nova realidade, o modelo atual deve ser modificado e adequado ao novo perfil demográfico.

Para que o sistema sobreviva,os serviços de saúde terão que rever seus modelos de assistência e concentrar o foco no paciente.

Este é o grande desafio: deslocar a atenção da doençs para o paciente, fazendo com que seja permanentemente monitorado, por intermédio das modernas ferramentas de gerenciamento da saúde, incluindo as já disponíveis pela internet. Entre elas o registro pessoal do paciente,oferecido sem qualquer custo por diversos sites de busca,como , por exenplo, o Google Health, o que poderá otimizar o atendimento ambulatorial e agilizar os atendimentos de emergência, especialmente fora do domicílio do paciente.

É com este olhar ao paciente que poderemos responder aos desafios frequentemente presentes na maioria dos sistemas de prestação de serviços em saúde, públicos ou privados,que fazem emergir inquietações,entre elas,como fornecer cuidados de saúde a toda população ? Como financiar o sistema?como estabelecer diretrizes e controles? Qual é a melhor forma de execução? Como compatibilizar qualidade com sustentabilidade?

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O desafio da retenção de talentos

José Renato Condursi Paranhos

Um grande desafio enfrentado pelas organizações é a retenção dos melhores empregados. A promoção de um ambiente de trabalho sadio, instigante e confiável é um fator de forte influência na decisão de permanência ou não na empresa. Um bom ambiente de trabalho geralmente atua como forte agente na manutenção de funcionários.

Ao gerir sua equipe,a organização deve incutir nos individuais crenças e valores consistentes com os princípios que regem o comportamento dos empregados, e coerentes com as prática gerencial,operacionais e comerciais. A postura do “faça o que eu mando, mas não faça o que faço”, provoca o afastamento dos melhores talentos e incita a adoção de condutas desabonadoras, desagregando o tecido organizacional, uma vez que os empregados perdem a fibra de lutar por algo em que não acreditam.

Em organizações de serviços, a presteza, a capacidade de tomar iniciativa, a delegação de poder para tomar decisões , assumir riscos e errar em patamares preestabelecidos são condições inerentes aos ambientes sujeitos a mudanças e a fatos novos a  cada instante, especialmente no caso de organizações voltadas aos serviços em saúde.

Quanto aos erros, cabe esclarecer que fazem parte do aprendizado, e que a orientação das organizações é voltada à performance sem incorreções e ao aperfeiçoamento contínuo, como compromisso permanente entre todos os seus integrantes.

Porém , para que sejam evitados comportamentos defensivos ,omissões, falta de iniciativa, inovação e criatividade, o profissional deve possuir um grau de liberdade para ir ao encontro do que é novo e incerto, apesar da importância do planejamento e teste de confiabilidade. Ainda assim, os erros ocorrem. Diante do fato inegável, a melhor postura é estabelecer patamares de autonomia compatíveis com os níveis de autoridade de cada empregado, onde os erros não se tornem objetos de censura, mas sim de estudos. Porém , os limites devem estar claros, pois não deverão ser tolerados os enganos cometidos além das fronteiras preestabelecidas. Havendo necessidade, o gestor poderá assumir os riscos, também dentro do seu nível de competência.

Também, merece destaque o fato de que a delegação de tarefas limita-se à transferência de parte da autoridade de quem delega para aquele que recebe a delegação, permanecendo com o delegante a responsabilidade pelos resultados. Não se trata,  portanto, de passar o “mico” para o subordinado que deve “se virar” como puder e ,diante de um eventual fracasso, ser eximido da culpa.

Assim, a delegação é um processo que deve ser negociado, em termos de prazo, forma de execução, cuidados , riscos e outros aspectos. A transferência de poder, chamada de empowerment , deve ser alvo de orientação e confirmação de entendimento pelo delegado, que deverá contar com supervisão constante, até que julgue e manifeste ser desnecessário tal acompanhamento contínuo, por considerar-se apto a prosseguir sozinho.

Nem todos numa organização são talhados ou têm aptidão para o empowerment. Algumas pessoas preferem obedecer a comandar, temem correr riscos, são tímidas, e nem por isso devem ser desmerecidas, pois há posições nas organizações que requerem tal perfil conservador,sistemáticos,cumpridor de parâmetros e regras das quais não pode se afastar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A gestão da qualidade nos sistemas e serviços de saúde no Brasil

José Renato Condursi Paranhos

A qualidade aplicada á área da saúde ,referente aos dois sistemas brasileiros o público e o privado. O público é aquele oferecido a todos os brasileiros e é conhecido como (SUS) Sistema Único de Saúde. O privado é aquele efetuado pela iniciativa privada, conforme previsto na Constituição art.199.
Nosso país destaca-se por ter um dos mais abrangentes sistemas privados do mundo. Cobre aproximadamente 45 milhões de brasileiros. É um mercado concentrado em cerca de 1.700 operadoras de planos de saúde. A maioria dos usuários reside nas regiões Sudeste e Sul.
A iniciativa privada há tempos vem adotando medidas de melhoria da qualidade da assistência prestada. Por quê? Porque quando nos preocupamos com a qualidade, além de aumentar a satisfação dos clientes,de melhorarmos os nossos processos,de facilitarmos o nosso trabalho, de sermos reconhecidos como bons prestadores,melhoramos a relação custo-efetividade do nosso negócio. O que isto quer dizer? Lucro. Todos nós queremos e precisamos ter lucros, sem o qual o nosso negócio não sobrevive.
Para exemplificar a preocupação com a qualidade dos serviços prestados aos usuários, vou dar o exemplo do sistema de saúde da Coreia do Sul, onde o setor privado responde pelo atendimento de cerca de 90% da população de Seul,a capital.
Como o país é detentor de alta tecnologia médica, inclusive na área de tecnologia da informação(TI),eles “garantem” a qualidade da atenção em saúde,por meio do monitoramento domiciliar dos pacientes.
A integração da economia brasileira aos centros mais desenvolvidos, traduzida na oportunidade de convivermos com produtos de tecnologia mais avançada e com custos comparáveis ou inferiores aos aqui praticados,trouxe à sociedade brasileira, de forma mais clara,a noção de qualidade de bens e serviços.
Enquanto o conceito de qualidade foi introduzido pela indústria , por meio da exigência crescente com relação aos seus produtos, na área da saúde foi uma exigência da sociedade. Os cuidados saúde incluem riscos, por vezes muito elevados. Os profissionais são seres humanos e , como tal, estão sujeitos à inevitabilidade do erro. Os doentes, muitas vezes, estão em tal situação de vulnerabilidade que não podem suportar tomadas de decisão equivocadas ou demoradas por parte da equipe.

A discussão sobre a diversidade de conceitos e de perspectivas sobre o que é qualidade em saúde e como essas diferentes perspectivas, por vezes , divergem é extremamente importante.
Num mundo ideal,todas essas perspectivas e todos os diferentes pontos de vista poderiam se beneficiar de determinada medida ou padrão. No mundo real, infelizmente, existem tensões e conflitos como , por exemplo, entre qualidade e custo ou mesmo entre a visão dos profissionais e a dos cidadãos. No último caso, um público mais bem informado certamente é mais exigente na defesa dos seus direitos, pondo em discussão a tradicional e inquestionável autoridade dos profissionais. Esses pacientes mais bem informados, que visitam sites e blogs da internet, eles buscam não apenas conhecer tudo sobre as suas doenças, mas também a melhor relação custo-efetividade na decisão que vão tomar,em parceria ou não com os seus médicos.
Estes são alguns dos aspectos que tornam as questões relacionadas com qualidade em saúde difíceis e complexas de abordar. Podemos afirmar que toda prestação de serviço em saúde tem dois componentes de qualidade: operacional , que é o processo propriamente dito; e outro de percepção, ou como os clientes percebem o tipo de serviço oferecido e os prestadores se sentem na oferta que fazem.
A qualidade passou a ser um diferencial competitivo, além de ser importante fator para o sucesso financeiro.
Assim, também na área de prestação de serviços os programas de qualidade se tornaram habituais ,fazendo do cliente um consumidor cada vez mais exigente.
Os diversos atores da área da saúde pública passaram também a demonstrar preocupação com a qualidade e foram incorporando conceitos e práticas a ela relacionados.