quarta-feira, 6 de julho de 2011

A gestão dos riscos da atenção á saúde

José Renato Condursi Paranhos
A atenção não se faz,infelizmente , de acordo com padrões òtimos de clínica.
Alguns estudos mostram em média, a qualidade adequada de atenção à população adulta, quando comparada com recomendações baseadas em evidências, foi de, apenas, 54,9% um déficit de qualidade médio de 45%. Esse valor médio de qualidade recomendada atingiu 54,9% para os cuidados preventivos, 53,5% para os cuidados aos eventos agudos e 56,1% para o cuidado às condições crônicas.
Variações maiores foram obtidas quando se consideraram condições especìficas; por exemplo, o manejo de pessoas portadoras de dependência alcoólica só foi adequado em 10,5% dos casos.Não foi diferente o estudo sobre a atenção às crianças e aos adolescentes no mesmo país, realizado posteriormente.
verificou-se, que em média , a atenção recomendada só foi obtida em 46,5% dos casos, variando de 67,6% nos cuidados aos eventos agudos, 53,4% nas condições crônicas e 40,7% nos cuidados preventivos . Nos serviços preventivos para adolescentes a atenção adequada só foi de 34,5%.
Um dos problemas centrais dos sistemas de atenção à saúde è que eles podem causar danos às pessoas usuárias e às equipes de saúde.Esses danos podem ser devidos a erros ou eventos adversos.Os erros sâo definidos como falhas numa ação planejada ou pelo uso de um planejamento incorreto e os eventos adversos como os danos causados pela intervenção sanitária e não pelas condições das pessoas que são submetidas a ela;os eventos adversos preveníveis são aqueles atribuíveis a um erro ou a uma falha sistêmica da atenção à saúde.
Por outro lado,os serviços seguros são conceituados como aqueles que são prestados sem causar danos às pessoas usuárias e aos profissionais e que aumentam a confiança das pessoas na atenção à saúde.
Alguns trabalhos sobre o sistema de atenção à saúde no EUA mostraram que os problemas de erros e eventos adversos dos sistema de atenção à saúde constituiram a terceira causa de morte , metade das quais por reações adversas de medicamentos. Em parte, esses eventos adversos devidos a medicamentos foram consequências da percepção exagerada das pessoas dos aspectos positivos dos medicamentos e da pressa em aprovar a entrada no mercado dos medicamentos, ambas as situações ligadas aos modos de operar da grande indústria farmacêutica.
A gestão de riscos da atenção à saúde estrutura-se a partir do princípio hipocrático:"primeiro , não cause danos". E reconhece que os erros e os eventos adversos são resultados acumulativos de problemas que se dão na forma como os processos são organizados e nos ambientes físicos e social em que a atenção à saúde é prestada.
Há um reconhecimento crescente de que a gestão dos riscos da atenção à saúde deve estar integrada em processos de desenvolvimento da qualidade,vez que se entende um serviço de qualidade como aquele que organiza seus recursos de modo a atender às necessidades de saúde das populações por meio de intervenções promocionais, preventivas, curativas, cuidadores e reabilitadoras, prestadas com  segurança para as pessoas usuárias e para os profissionais de saúde, sem desperdícios econômicos e dentro de padrões ótimos pré-definidos.
O conceito de gestão dos riscos da atenção à saúde significa desenvolver boas práticas clínicas que permitam diminuir os riscos clínicos e a ocorrência de incidentes danosos ou adversos para as pessoas usuárias dos sistemas de atenção à saúde.Os riscos clínicos representam-se por variâncias nas intervenções diagnóticas ou terapêuticas em relação a padrões definidos intencionalmente.
A gestão dos riscos da atenção à saúde procura aumentar a capacidade das organizações de saúde e de seus membros para desenvolver ações positivas que reduzam os riscos de morte e de sequelas para as pessoas usuárias e as suas consequencias econômicas, morais ou de prestígio para as organizações de saúde.
A implantação da gestão dos riscos da atenção à saúde envolve um conjunto integrado de ações:a definição de uma estrtégia de gestão dos riscos;a identificação,em cada organização,de um grupo para coordenar essas ações;a explicitação de padrões ótimos de atenção segura, com base em evidências clínicas;a implantação de um sistema de relatório de eventos adversos; a montagem de um sistema de vigilância dos riscos da atenção,envolvendo a identificação, o monitoramento e a avaliação dos riscos,por exemplo, o sistema de famacovigilância ; a implantação de um sistema de ouvidoria que recolha e acolha as manifestações de más práticas clínicas por parte das pessoas usuárias do sistema de atenção à saúde;a articulação com o sistema de auditoria clínica;a implantação de sistema de educação permanente dos profissionais de saúde em redução dos riscos clínicos;e a provisão de informação às pessoas usuárias sobre os riscos e os benefícios de determinadas intervenções médicas.
A gestão dos riscos da atenção pressupõe um sistema de gestão de performace que visa a garantir que os serviços saõ prestados de forma efetiva, apropriada e em tempo oportuno. 

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