sábado, 6 de agosto de 2011

Informática Médica

José Renato Condursi Paranhos
Como a medicina aumenta a sua complexidade (devido a novos métodos de investigação ou tratamento e à diversidade de organizações da saúde, pequenas clínicas, ambulatórios especializados, hospitais secundários e hospitais de alta complexidade, componentes estes que, para adequado suporte ao paciente, necessitam trabalhar em conjunção), a informática médica é um agente indispensável para a descentralização e a integração. Ela ajuda a superar as limitações humanas de memória ou processamento de informações (por exemplo, gerenciar complexos objetos médicos, como sinais ou imagens, reconstruir imagens, otimizar a dosagem de certos medicamentos, gerenciar grandes bases de conhecimento médico). Com a implementação das redes de comunicação, a informática médica ajuda a trazer o médico para mais perto do paciente (por exemplo, através da telemedicina) e facilita o acesso à informação necessária ao cuidado ótimo (por exemplo, através do acesso ao prontuário eletrônico do paciente, a bases de conhecimento, ao uso de sistemas especialistas ou à realização de trabalho cooperativo).
Cabe uma explicação sobre a utilização das expressões "informática médica" e "informática em saúde". Dado que a área abrange não só a medicina, mas também a enfermagem, a nutrição, a veterinária e a odontologia .
A invasão da tecnologia na nossa vida é inevitável. E, a partir de algum momento, começamos a achar inadmissível a sua ausência: por exemplo, reagimos quando, ao fazer compras em uma loja qualquer pela segunda vez, ela exige novamente nossos dados para um cadastro; quando o estabelecimento não aceita pagamento por cartão de crédito ou de débito; quando descobrimos que nosso telefone não é digital e só funciona com pulsos; ou, ainda, quando temos de "decifrar" a letra do médico para comprar o medicamento receitado.
Todos sofrem com as dificuldades relacionadas à informação (sua ausência, seu armazenamento, sua recuperação e seu entendimento): o profissional, o administrador, o paciente.
O profissional da saúde ainda tem de anotar em prontuários mal organizados e mal estruturados os dados de seus pacientes.E,o que é pior, tem de ler e entender as anotações dos colegas e interpretar os resultados dos exames que vieram do laboratório com padrões nem sempre bem definidos.
Os médicos também acabam  tendo problemas no gerenciamento das informações, inclusive:
    • Coletar as informações clínicas;
    • Trabalhar com probabilidades no raciocínio clínico;
    • Estabelecer comunicação precisa;
    • Manter-se atualizados;
    • Responder imediatamente às questões enquanto presta assistência;
Todas as tarefas elencadas poderiam ser auxiliadas por um sistema de gerenciamento de informações. No entanto, não basta introduzir essa ferramenta no dia-a-dia do profissional da saúde, pois existe a necessidade de educação na área de informática médica.
O profissional da saúde tem de ser cuidadosamente preparado para o exercício de sua profissão. Faz parte disso a compreensão do que é a informação, do significado que tem no contexto da sua atividade e de como ela altera seu processo cognitivo, bem como de onde buscá-la, como buscá-la e qual o impacto da sua utilização na solução de dúvidas e problemas sobre os quais esteja atuando. 
Por décadas, os computadores instalados em hospitais de todo o mundo tiveram como função primordial facilitar a geração dos documentos necessários para o reembolso pelo atendimento aos seus pacientes. Secundariamente, eram utilizados para automatizar a produção de relatórios de resultados de um grande volume de testes de emergência. Começando em meados dos anos 80, mudanças dramáticas, objetivando reduzir custos, ocorreram tanto na política de atendimento médico quanto na tecnologia, provocando importantes alterações no uso dos computadores em hospitais.
Hoje, os administradores podem ter acesso aos recursos necessários para administração e gerenciamento de seu hospital. Muitos hospitais já estão usando regras lógicas, visando a alertar os médicos e outros profissionais que neles atuam quando os padrões da assistência não estão sendo alcançados.
Os sistemas de informação hospitalar têm mudado de sistemas de contas a pagar e cobranças de pacientes para sistemas clínico-administrativos que executam, entre outros serviços, o gerenciamento da farmácia, dos laboratórios e da admissão de pacientes.
Atualmente, um Sistema de Informação Hospitalar (SIH) pode ser definido como um sistema computadorizado, desenhado para facilitar o gerenciamento de toda a informação administrativa e assistencial de um hospital. Embora exista uma série de SIHs no mercado internacional e alguns no mercado nacional, ainda são muito poucos os que conseguem se adequar às reais necessidades de suporte à saúde em um hospital.
Desde sua concepção, a principal missão dos sistemas de informação é dar assistência eficiente e com alta qualidade.
Sem um sistema adequado de informações, uma porção significativa dos recursos é gasta para criar, armazenar e recuperar as informações dos pacientes. Essas ações, realizadas de forma trabalhosa e redundante, freqüentemente exigem muito tempo e esforço para documentar as informações necessárias de modo a possibilitar que outros profissionais trabalhem com elas.
A indústria da assistência à saúde está sendo puxada e empurrada em todas as direções – por médicos, para aumentar a qualidade da assistência; por empresários, para diminuir os custos e melhorar a estabilidade financeira de suas empresas; pelas agências legais e de regulamentação que, para fins de auditoria, forçam os hospitais a produzir detalhada documentação de seus procedimentos; e pela academia, para prover dados para a pesquisa e aumentar as oportunidades para a educação. Os sistemas de informação em saúde situam-se no meio de todas essas demandas.
Estimar os custos de instalação e operação de um Sistema de Informação Hospitalar e ainda a evolução desses custos é uma tarefa difícil. Mesmo os hospitais que fazem uso extensivo da tecnologia da informação ainda estão com seus sistemas de informação em fase de desenvolvimento – e sempre estarão. Os Sistemas de Informação Hospitalar são sistemas vivos, que têm de acompanhar permanentemente as tendências do planejamento estratégico institucional e, assim, refletir a identidade da instituição. É por isso que a solução simplista de "comprar um sistema pronto" é fácil, mas ineficiente.
Existem alguns sistemas de informação disponíveis em mercado e uma série de outros vem sendo desenvolvida em laboratórios, prometendo trazer avanços nos próximos anos.O que existe são vários sistemas, com diferentes tecnologias, que na maioria das vezes não "conversam" entre si. Hoje, o desafio é, antes de mais nada, a interoperabilidade dos sistemas.
O paciente ficaria bem mais tranqüilo se houvesse garantia de que, ao necessitar de uma internação, a equipe de atendimento do hospital fosse alertada sobre sua alergia à penicilina.
A qualidade da assistência de um hospital pode ser imensamente beneficiada quando seu sistema de informação for acoplado aos chamados Sistemas de Apoio à Decisão (SAD). Um dos mais importantes tipos de SAD, incorporados em SIHs são os sistemas de alerta – ou seja, os sistemas que informam sempre que alguma atividade estiver em desacordo com uma base de conhecimento preestabelecida.
Os sistemas de apoio à decisão e as bases de conhecimento médico têm sido desenvolvidos em paralelo com os sistemas de informação, sendo que os primeiros resultados do uso de tais sistemas têm demonstrado que eles facilitam o processo de tomada de decisão médica e melhoram a qualidade da assistência em saúde.

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